domingo, 1 de abril de 2012

Duas rosas

Ai que saudadinhas não sei de que,
saudadezinhas não sei de quem.
Serão saudades dessa ou daquela?
Saudades de uma ou da outra?

Tranquei aquela porta por dentro
como se deixasse uma vida inteira do lado de fora.
E como era linda aquela vida,
o amor se dando, feito bênção, em forma de menina-mulher.

A outra porta não fui eu que abri:
foi menina-morena, menina-flor que se abriu pra mim.
E como era linda aquela flor,
flor-florzinha, flor-fulô.

De onde é que vem mesmo
isso de chamar mulher de flor?
Acho que vem de dentro de mim,
lá bem fundo no peito e na alma.

Da noite pro dia, passei de uma
a duas meninas-mulheres, meninas-morenas, meninas-flores.
Tentei então partir o coração, dividir os amores
e os abraços e beijinhos de querer bem.

Consegui: fiz meu coração partido.
E, vendo meu peito fatalmente dividido,
sentei, chorei, me afoguei numa taça tinta de vinho.

Tinha agora duas rosas na vida.
E rosa que é rosa perfuma,
mas é cheia de espinhos.

2 comentários:

  1. Esse seu poema me lembrou aquela música de Caymmi:

    Nada como ser rosa na vida
    Rosa mesmo ou mesmo rosa mulher
    Todos querem muito bem a rosa
    Quero eu
    Todo mundo também quer
    Um amigo meu disse que em samba
    Canta-se melhor flor e mulher
    E eu que tenho rosas como tema
    canto no compasso que quiser

    Gostei muito do espaço e dos poemas! Essa será a primeira vista de muitas ;)
    Beijo, moço ;*

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    1. Obrigado, moça. Que bom que consegui te lembrar de Caymmi. Obrigado mesmo e não suma, hein? Apareça por aqui de vez em quando. Hahahaha... Beijo grande. ;*

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