terça-feira, 19 de junho de 2012

Quem é o louco?

Fui motivo de piada por dizer que achava justa
a causa dos trabalhadores sem-terra.

Vi burgueses gordalhudos às gargalhadas:
leitões sacudindo frenéticos
dentro de seus ternos italianos.

- Ser amigo de sem-terra dá futuro a ninguém, rapaz.
Prefiro ser amigo de fazendeiro,
disse um deles, babando feito cão raivoso.

Tenho dificuldades reais de me relacionar
com pessoas da classe social a que pertenço.
E tenho orgulho dessas minhas dificuldades.

Sou - e faço questão de ser - um peixe
fora desse aquário imundo
de egoísmo e ignorância.

Não quero identificação ideológica
com um bando de porcos engravatados
que só olham pra seus umbigos cheios de merda.

Não ligo de ser tachado de louco
por seres ignóbeis e pequenos.
Teria, sim, motivo de preocupação,
caso minhas ideias encontrassem porto seguro
em cabeças idiotas e mesquinhas como aquelas.

Sou louco por não ser racista,
louco por não ser machista,
louco por não ser homofóbico,
louco por não ser católico,
louco por não ser conservador.

Definitivamente, sou louco.
E se isso é que é ser louco,
quero, então, ser o louco dos loucos.

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