quarta-feira, 4 de abril de 2012

Uma dose de realidade

A mulher sentada a meu lado
tem o tempo marcado na brancura dos cabelos
e o sangue de índia, bem vermelho, estampado na cara.

Vejo nas veias daquele rosto de mulher
a História de um povo e de um continente;
naquelas veias maltratadas pelo tempo
vejo, abertas, as lindas veias da América Latina.

Quando a mulher chora,
rios de prata lhe correm a face.
Quando sorri,
lhe irrompem vulcões na pele vermelha, pele andina.

A mulher carrega no peito
um sofrimento que não é só dela,
mas de toda a gente
que neste continente vive ou viveu.

É triste o semblante da mulher:
cortado por foice,
demarcado por cerca de arame farpado,
machucado pelo peso implacável da injustiça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário